Para quando você for embora de mim eu guardei um tom lilás de mudança – qualquer coisa entre o azul e o vermelho, nem feliz nem triste, calmo. Tranqüilo. Eu guardei uma paz sutil como a lucidez que se insinua cuidadosa entre as pulsações de um coração agressivamente cego, coração ferrão de vespa que investe e fere e se deixa ficar e nem sabe que é ele a causa e o efeito da própria dor. Eu não tenho mais sonhos de vidro, os deixei por aí – para que, quando você for embora de mim, eu não mais fira meus dedos com tantos cacos. Eu guardei, para quando você for embora, um sorriso intacto, de mim para mim, desmemoriado, de existência presente e egoisticamente apenas minha – que o que passou não existe mais; eu guardei, em algum lugar entre o azul e o vermelho da mudança lilás derramada sobre o dia, um instante que me revelaria ao pé do ouvido quando você já não estivesse aqui, e hoje eu ouço esse sussurro suave e lento feito canção.
Para quando você for embora de mim eu me guardei, inteiro.
4 comentários:
Muito bom o texto! Parabés. Quem dera todos nós nos guaardássemos pra quando alguém nos desertasse...
cada palavra mt bem colocada,
sentido perfeito!
voltei com o blog, te espero no meu.
bjus
que liiiiiiiiiiindo *-*
Lindo texto...
òtima quinta rapaz...
abras.
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